V
E R C L A R O
Toda a poesia é
luminosa, até / a mais obscura. / O leitor é que tem
às vezes, / em lugar de sol, nevoeiro dentro de si. /
E o nevoeiro nunca deixa ver claro. / Se regressar / outra vez e
outra vez / e outra vez /
a essas sílabas acesas / ficará cego de tanta claridade.
/ Abençoado seja se lá chegar.
Toda la poesía es luminosa, hasta
/ la más oscura. /
El lector es quien a veces, /
en lugar de sol, dentro tiene niebla. / Y la niebla nunca deja ver
claro. / Si regresa /
una vez y otra vez/ y otra vez/
a esas sílabas encendidas /
le cegará tanta claridad. / Bendito sea quien llegue.
EUGÉNIO
DE ANDRADE
Os sulcos
da sede
(Los surcos de la sed),
trad.
José Ángel Cilleruelo.
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